No vídeo mais recente de Sam Vaknin, ele explora a psicologia dos chamados “people pleasers”, aquelas pessoas que parecem viver para agradar os outros, muitas vezes à custa de seu próprio bem-estar. Como advogado, frequentemente me deparo com dinâmicas familiares complexas, onde uma das partes sente a necessidade de ceder sempre, deixando-se manipular por medo de rejeição ou abandono. O que Vaknin revela aqui é uma visão poderosa de como esse comportamento pode ser explorado, muitas vezes sem que a própria pessoa perceba.
Quem é Sam Vaknin?
Sam Vaknin é uma figura renomada no estudo da psicologia do narcisismo e das dinâmicas de poder em relações disfuncionais. Ele é Professor de Psicologia Clínica e Gestão de Negócios no CIAPS (Cambridge, Reino Unido; Ontário, Canadá; Lagos, Nigéria) e possui doutorado em Física. Embora não seja clínico, ele foi Professor Visitante de Psicologia na Southern Federal University, em Rostov-on-Don, Rússia, e atuou como conselheiro econômico para governos e empresas multinacionais. Vaknin também é o autor do livro “Malignant Self-love: Narcissism Revisited”, publicado pela primeira vez em 1999 e considerado a “bíblia do narcisismo”, atualmente em sua 10ª edição.
Seu trabalho é amplamente focado em ajudar vítimas de abuso emocional, relacionamentos tóxicos e violência, oferecendo insights sobre como narcisistas e psicopatas operam. Com esse currículo impressionante, Vaknin oferece uma visão baseada em anos de pesquisa e experiência sobre como os “people pleasers” podem ser manipulados com facilidade.
O Que é Um “People Pleaser”?
Vaknin começa definindo o “people pleaser” como alguém que se sente compelido a agradar os outros constantemente. Essas pessoas se colocam em uma posição de submissão, acreditando que precisam atender às expectativas alheias para evitar consequências negativas, como o abandono. Essa necessidade de agradar os outros pode parecer altruísmo à primeira vista, mas, na realidade, está enraizada em duas distorções cognitivas: a grandiosidade e a catastrofização.
A grandiosidade ocorre porque o “people pleaser” acredita que é responsável pela felicidade e pelo bem-estar dos outros, como se suas ações fossem vitais para a estabilidade emocional das pessoas ao seu redor. Já a catastrofização é o medo irracional de que, ao falhar em agradar, algo desastroso acontecerá – seja para si mesmo ou para os outros.
A Psicologia da Manipulação
Vaknin apresenta um plano simples, mas eficaz, para manipular “people pleasers” em três etapas. Primeiro, você deve comunicar claramente suas expectativas. Como essas pessoas estão sempre em busca de aprovação, basta demonstrar o que você espera delas, seja verbalmente ou por meio de linguagem corporal. O segundo passo é demonstrar satisfação incompleta. Mesmo quando a pessoa cumpre suas expectativas, nunca se mostre completamente satisfeito. Isso mantém o “people pleaser” ansioso por agradar ainda mais.
Por fim, Vaknin sugere que você expresse decepção quando o “people pleaser” não cumprir suas expectativas. Mostrar que você está desapontado ou que considera abandonar a relação faz com que o medo do abandono aumente, levando-o a tentar agradar mais, frequentemente à custa de seu próprio bem-estar.
A Formação do “People Pleaser”
Vaknin também destaca que muitos “people pleasers” foram “parentificados” na infância – ou seja, foram forçados a assumir papéis de adultos enquanto ainda eram crianças, muitas vezes cuidando dos próprios pais. Isso cria uma crença de que sua própria felicidade deve ser conquistada por meio do sacrifício e da submissão, tornando-se uma dinâmica de vida para essas pessoas.
Pensamentos Automáticos e Comportamentos Destrutivos
Um dos conceitos centrais abordados por Vaknin são os pensamentos automáticos que moldam o comportamento dos “people pleasers”. Eles acreditam que sua felicidade está sempre às custas de outra pessoa, que precisam “merecer” qualquer momento de alegria e que devem “comprar” o afeto dos outros por meio da servidão. Esses pensamentos são internalizados desde a infância e, muitas vezes, impedem a pessoa de estabelecer limites saudáveis.
Por exemplo, no ambiente familiar, o “people pleaser” se transforma em um “capacho emocional”, sacrificando sua própria saúde física e mental para garantir a harmonia e evitar conflitos. Em relacionamentos amorosos, essas pessoas podem se sujeitar a situações indesejadas, como relações sexuais que não desejam, por medo de desagradar o parceiro.
Conclusão: A Armadilha do “People Pleaser”
O que torna este vídeo tão relevante é a clareza com que Sam Vaknin descreve a armadilha emocional em que os “people pleasers” caem. Eles acreditam que seu papel é garantir a felicidade dos outros, mas acabam se colocando em uma posição de vulnerabilidade extrema, tornando-se alvo fácil de manipulação. Como advogado, tenho visto muitos casos em que esse tipo de comportamento resulta em dinâmicas familiares abusivas e desequilibradas.
Se você se reconhece nesse comportamento ou conhece alguém que viva dessa forma, é essencial entender que ninguém deve viver para agradar os outros em detrimento de si mesmo. É possível reverter essa dinâmica, estabelecendo limites e buscando apoio para lidar com os padrões destrutivos que se desenvolveram ao longo do tempo.