Ótimo questionamento.
Hoje em dia, especialmente com a internet e canais do youtube, muita informação está disponível, mas nem todas são apuradas de acordo com pesquisas científicas. Daí, fica um grande questionamento para vítimas de relacionamentos com pessoas borderline ou até mesmo de pessoa que sofram do transtorno: é só com mulher ou homem também pode sofrer de Transtorno de Personalidade Borderline?
Longe de procurar dar diagnósticos, mas apenas trazer o que há de informação científica disponibilizada por psicólogos e livros técnicos em psicologia, o advogado Lunay Costa irá trazer agora em linguagem simples o que diz o DSM-5-TR, ou seja, o Manual de Diagnósticos e Estatísticos de Transtornos Mentais, 5ª Edição em Texto Revisado em língua portuguesa.
Confira!
Da mesma maneira como fizemos com o Transtorno de Personalidade Narcisista, iremos tomar como base o DSM-5-TR, mas agora entre as páginas 755 e 756.
Você sabe identificar uma pessoa borderline na intimidade?
Pessoas que sofrem com o transtorno apresentam uma instabilidade generalizada nas suas relações interpessoais, ou seja, na forma como elas se relacionam com outras pessoas. Essa instabilidade também afeta a forma como elas mesmas se enxergam, como sentem afeto por outras pessoas e até mesmo no controle de suas impulsividades. Irei abordar cada detalhe destes logo a seguir.
Muito desta instabilidade emocional se dá por medo de serem abandonados, não importando se as causas para este medo sejam baseadas na realidade ou na imaginação. O medo de abandono ou rejeição cria uma insegurança de separação tão intensa que a mera possibilidade de rejeição é capaz de gerar crises de ansiedade. (DSM-5-TR, pg. 889). Esta mesma ansiedade pode se dar quando a pessoa borderline se sente extremamente ligada ao parceiro ou parceira, de modo a perder a individualidade ou gerar alta dependência física, financeira, social ou afetiva do parceiro ou parceira.
A crise de ansiedade pode ser tão severa que haverá impactos sob o comportamento, a cognição e a autoimagem. É a partir destas crises que a pessoa borderline começa a ter de mudar o jeito de ser e agir, a forma de se ver e até ter dificuldades na capacidade de raciocínio, especificamente no aspecto lógico e acesso à sua memória e construção de raciocínio.
A doutora Ana Beatriz, em vários de seus podcasts e entrevistas costuma dizer que pessoas borderline são 100% em comparação com uma pessoa psicopata que seria 100% razão.
Essa intolerância à rejeição ou medo de abandono, coloca a pessoa borderline a buscar sempre conectada a alguém, a não ficar só. Juntando tudo isso, é característico que se tenham relacionamentos conturbados, com ataques de ciúmes, desconfianças infundadas e demonstração de fúria.
Não raro é a variação entre extremos de idealização e desvalorização, ou seja, em um determinado momento, a pessoa borderline está idealizando uma pessoa, um parceiro ou parceira íntima, uma cidade, um emprego, uma família como sendo as melhores e mais bondosas do mundo, mas em outro momento tudo mudando, recaindo sobre um vitimismo, ideação paranoica e destilando raiva completa sobre os mesmos que há poucos dias estava idealizando, romantizando e colocando em um pedestal.
Outro ambiente que fica claramente marcado sobre a confusão mental que uma pessoa borderline não raro sofre é sobre as suas escolhas profissionais. A instabilidade fará com que esta pessoa ora esteja em um trabalho, depois em outro, sinta-se perseguida, incompreendida e hostilizada, gerando várias mudanças de emprego ao longo da vida.
Esta instabilidade também irá passar sobre a maneira como enxerga a própria vida, os próprios valores, essa pessoa pode variar em meses ou menos da religiosa mais devotada à profana mais dedicada. Essa variação do 8 ao 80, muitas vezes pode ser confundida com Transtorno de Humor Bipolar, inclusive sendo este um dos critérios para diagnóstico diferencial conforme DSM-5.
É nessa impulsividade, em especial em momentos de manejo de crise de ansiedade border, que abusos de substâncias, sexo irresponsável, comportamentos autodestrutivos tais como apostas, direção perigosa, compras desenfreadas e semelhantes possam ocorrer.
Por fim, mas não menos importante, pessoas borderline podem experimentar sentimentos profundos de solidão, de inadequação e especialmente de vazio. É por este motivo que muitas pessoas borderline acabam esbarrando no diagnóstico ao perceber que a depressão que afirmam sentir tem raízes antigas, profundas e persistentes associadas às outras características demonstradas aqui neste artigo.
É só mulher que é borderline?
A resposta é não!
De acordo com o DSM-5-TR quando fala sobre os diagnósticos relacionados ao gênero (página 757), homens também podem apresentar o Transtorno de Personalidade Borderline. O alto índice sobre mulheres, de acordo com este livro de referência, pode se dar pela alta procura de mulheres por tratamento ou investigação da causa dos sintomas, logo dando a parecer que mulheres seriam mais acometidas desta condição de personalidade.
Qual alerta o Doutor Lunay Costa deixa no campo jurídico?
Homens e mulheres com transtorno de personalidade borderline são pessoas que sofreram traumas na infância, não raro criados por pais com transtorno de personalidade narcisista, com algum componente genético envolvido. Em outras palavras, são também vítimas de um ambiente tóxico em seus ambientes familiares, não raro com histórico de abuso infantil ou abuso sexual na fase adulta.
Este fato é trazido exclusivamente para que o leitor ou leitora entenda que Pessoas Borderline são vítimas que não raro criam outras vítimas.
No momento da impulsividade, da desregulação emocional, do acesso de fúria, da desorganização mental, da despersonalização e ideação paranoide que uma pessoa borderline sofre ela pode ser muito agressiva física e verbalmente.
Essas pessoas podem sair de um(a) fiel amante para um(a) justiceiro(a) e vingativo (a). A empatia profundamente desligada, não se importando que se esteja atacando alguém que há dias atrás amava.
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline atacam com respostas traumáticas advindas de sua própria vida infantil, real ou imaginária.
Portanto, você leitor que talvez tenha sido vítima de uma pessoa borderline, entende que esteve ao lado de 2 ou mais pessoas dentro do mesmo corpo, uma delas lhe tinha profundo carinho, amável, cheios de esperança e cooperação, mas agora da mesma forma como atacavam os relacionamentos anteriores, falavam talvez dos pais ou outros lugares, agora procura combater você com a mesma ferocidade.
Entenda a mente borderline para que você exerça sua defesa em casos de falsa acusação na justiça ou sofrendo alienação parental.
Procure um advogado que entenda tanto de direito criminal, como direito de família, quanto aspectos de psicologia. Só assim, você aumenta as chances de sucesso na luta jurídica para limpar a zona de guerra que uma pessoa borderline é capaz de deixar após ter se transformando no Incrível Hulk, no Darth Vader ou na Raiva Má do Oeste (Theodora).